A terceira vez da Andranjos no Palco do Rock

Por Giuseppe Menezes
O RELÓGIO MARCAVA seis horas da manhã quando a van atravessou os limites da cidade baiana de Juazeiro. Dali a sete horas chegariam à capital Salvador, aonde fariam pela terceira vez – e segunda consecutiva – mais um show no Palco do Rock, que completa em 2013 dezenove anos de história. Estrategicamente posicionados no veículo do jeito que sempre costumam viajar e tem dado sorte desde então, os guitarristas Joci e Fábio “Costinha”, que moram no mesmo bairro em Petrolina/PE, se acomodam no fundão e se divertem contando casos aos roadies. Sentados mais à frente, o baterista Dhiogo e o vocalista Van Lima também participam das histórias. E deitado lá na frente junto a seu contrabaixo, Geovane só queria mesmo era descansar.

ERA UM DOMINGO, dia 10 de fevereiro, e era também hora de lembrar do aniversário de 24 anos de Dhiogo com um “Parabéns a Você” cantado por todos em coral. Ouvindo o primeiro disco, Quando Meu Coração Parar, gravado em 2007, Van Lima (único integrante remanescente da primeira formação) analisa junto com os outros a evolução musical da banda em comparação ao último e segundo álbum lançado no ano anterior, O Fim do Silêncio, título que faz alusão ao longo período que ficaram sem lançarem músicas inéditas. “Antes, um dos meus sonhos na banda receber algum cachê, depois era aparecer em um big hand”, diz Van sobre as ambições de início de carreira que já foram devidamente realizadas e que já davam lugar a outras: “o próximo passo agora é fazer um show fora do Nordeste”.

AO CHEGAR NÃO foi difícil avistar o palco montado na praia de Piatã, aonde dali a 11 horas estariam subindo para se apresentarem para o público do festival, estimado em mais de 30 mil pessoas nos quatro dias de festa. Pouco antes do show, ainda no quarto da pousada aonde estavam hospedados, Van tentava escolher a roupa que iria usar, inicialmente receoso em escolher a camisa com a estampa de Kurt Cobain que havia ganhado de Willians, que estava produzindo a banda naquela viagem. Ora, o line-up da noite estava recheado de bandas de metal e a Andranjos não parecia tão pesada para estar ali no meio.

MESMO APÓS ALGUMAS complicações tudo terminou bem e deram tudo de si no palco, agradecendo o público aonde várias pessoas já sabiam de cor as letras e à produção do festival por terem acreditado novamente na banda escolhendo-os como uma das principais atrações do domingo. Tocaram depois da Andralls, de São Paulo, e aquela noite ainda veria a carioca Maiéuttica e a baiana Pastel de Miolos. Para o camarim eles levaram cerca de 20 cópias do novo CD, cujos encartes o guitarrista Fábio vinha cuidadosamente cortando durante a viagem e iria distribuir ou vender durante a noite, mas o material sumiu misteriosamente após o show. “Não tem nada, pelo menos vai ser um monte de gente que vai conhecer o nosso som”, comenta Fábio com bom humor o fato ocorrido.

COMEMORANDO À BASE de vinho e cerveja o sucesso após o show, a Andranjos também se deu ao luxo de comemorar os contatos que adquiriram durante aquela estadia em Salvador, que podem levá-los no meio do ano à Brasília, carregá-los em alguns shows para São Paulo ou colocá-los em solo argentino em outra oportunidade. Se na viagem de ida a mais nova ambição de Van Lima era tocar fora do Nordeste, está tudo certo agora para ele sonhar ainda mais quando estiver voltando a Petrolina, colhendo os frutos de mais um ponto alto na carreira.

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